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  • Foto do escritorEugenia Rosa

Acessibilidade é a coisa certa

Atualizado: 19 de nov. de 2023

Para viver a pluralidade é necessário compreender as diferenças.

Ser convidado para dar uma palestra é sempre uma oportunidade de compartilhar nossa história, por mais técnico que seja o tema é a nossa experiência e trajetória que dá vida ao conteúdo e gera aprendizagem e transformação na vida das pessoas.


Meu desafio era dar uma palestra sobre o tema acessibilidade na empresa Kimberly-Clark, um convite repleto de confiança que o Eduardo Brito me fez, para desenvolver a temática tão necessária e importante para garantir a integridade física das nossas pessoas, ressaltando a importância que tem para as pessoas com deficiência.


Preparar uma palestra é nos empoderar de nós mesmos e de reflexões, aprender um pouco mais, driblar os medos e inseguranças, treinar para ser perfeito, aceitar que somos imperfeitos, improvisar para ser autêntico, contar nossas histórias porque são exemplos alicerçados, não se preocupar tanto com as nossas vulnerabilidades, providenciar acessibilidade necessária e ser livre... E eu sou... livre para ser uma pessoa com deficiência e tenho muito orgulho de ser referência desse tema que desperta tantos insights de superação, diversidade e potencialidade.


A acessibilidade é a coisa certa, tema da palestra, porque oferece segurança e autonomia para as pessoas com deficiência, mas também garante acesso a todas as pessoas, porque todos nós temos necessidades específicas em algum momento da vida.


Para falar de acessibilidade é preciso refletir sobre liberdade, condição daquele que é livre para ir e vir com segurança e autonomia. É um conceito que assume grande variedade de sentidos, mas acima de tudo é um direito de usar os espaços e serviços independente da condição de cada um.


Esse direito à liberdade é garantido na Constituição de 1988, logo na introdução já evidência ao descrever o objetivo: “...destinado a assegurar o exercício dos direitos sociais e individuais, a LIBERDADE, a SEGURANÇA, o bem-estar, o desenvolvimento, a igualdade e a justiça como valores supremos de uma sociedade fraterna, pluralista e sem preconceitos...”.


Viver com liberdade e segurança em uma sociedade pluralista e sem preconceitos é um direito constitucional e embasa diversas políticas públicas primordiais para o nosso povo, como a lei de acessibilidade de 2020, Lei Nº 10.098 que estabelece normas e critérios para a acessibilidade de pessoas com deficiência.


Parece óbvio, mas na prática exercer o direito de acessibilidade é bem complicado.


Me recordo de um dia.... fui participar de uma formação profissional, uma das minhas primeiras experiências no mundo corporativo, estava feliz e empolgada por participar de um treinamento ao lado dos meus colegas de trabalho. Quando chegamos ao local, havia uma escada sem corrimão para o segundo andar. Subir aquela escada sem corrimão era uma condição insegura para todos, mas no meu caso, além de ser inseguro tirou a minha autonomia de subir sozinha... É claro que meus colegas me ajudaram com muito carinho, mesmo assim, houve um desiquilíbrio e acabei caindo da escada levando outras pessoas comigo na queda. O constrangimento me calou naquele momento, mas meus colegas fizeram um tumulto e chamaram o gerente do local que ao entender o ocorrido, disse insanamente aos meus colegas: “Entendo o que aconteceu, mas aqui não é lugar para ela”.


Destaco a característica insanamente, porque é característica de uma pessoa alienada a padrões e insensata, não cumpre as leis e ainda se justifica. É isso... o gerente não entendeu o ocorrido não conhecia a lei e acima de tudo agiu de forma preconceituosa falando comigo na terceira pessoa e achando que poderia limitar o meu lugar.


Devido a essas insensatezes e preconceitos estruturais é tão necessárias as leis e as cotas. Há quem diz, não serem necessárias porque temos que tratar todas as pessoas de forma igual, mas quando há obstáculos e diferenças, as necessidades também são diferentes. Então, não adianta oferecer os mesmos recursos e oportunidades para pessoas com necessidades e realidades diferentes. Para viver a pluralidade é necessário compreender as diferenças.


Precisamos de uma sociedade, onde o que é necessário esteja ao nosso alcance, seja a nossa condição: Temporária ou definitiva. Acessibilidade é uma forma de equidade para as pessoas com deficiência para que possam viver com liberdade, autonomia e segurança.


Acessibilidade é ter uma alternativa para eliminar um obstáculo, Por exemplo: um corrimão, um elevador, uma rampa de acesso... Me recordo quando fui a FAPRO em Curitiba uma faculdade pequena com dois andares e que disponibiliza elevador. Nesse dia eu exerci o meu direito de autonomia e liberdade. Ninguém naquele lugar precisou saber que eu tinha uma doença neuromuscular, não é segredo, mas não era o objetivo daquela visita acadêmica. Outro lugar que destaco é a Livraria LER em Mogi das Cruzes, apenas dois andares e o elevador está lá, disponivel, garantindo autonomia e segurança a quem precisar.


É muito importante conhecer as leis e símbolos de acessibilidade e respeitar esses direitos essenciais, muitas vezes não compreendemos a importância porque não precisamos. Mas é importante falar sobre esse tema e trazer para a consciência, porque o que é automático para muitos como andar e subir escadas é desafio que impede a liberdade das pessoas com deficiência.


E para finalizar, uma pergunta: Como podemos ajudar uma pessoa com deficiência?


A resposta: Querer saber um pouco mais...


Quer saber o que a pessoa tem... Pergunte!

Quer saber como ela consegue... Observe!

Quer saber se ela se sente excluída... Convide!

Quer saber se ela é normal... Convive!

Quer saber o que significa resiliência... Escute!


Quer ajudar...

Garanta a ACESSIBILIDADE, SEGURANÇA e AUTONOMIA!


Quer ser mais inclusivo...

Aceite as diferenças e ofereça oportunidades!


Quer saber... RESPEITO é a palavra certa!

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